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‘É Difícil Ser Deus’: ficção científica russa dos irmãos Strugátski aborda o fascismo, os perigos da ignorância e os dilemas morais | Resenha

Arkádi & Boris Strugátski 13 de junho de 2020 Aline T.K.M. 1 comentário

É Difícil Ser Deus: ficção científica russa dos irmãos Strugátski aborda o fascismo, os perigos da ignorância e os dilemas morais | Rádio Londres | Resenha

Prepare-se: você está diante de um livro extremamente atemporal, repleto de reflexões cabíveis nos dias de hoje, e... qualquer semelhança com o Brasil de 2020 é mera coincidência (rsrs). Só li verdades nesta obra.

É Difícil Ser Deus é uma ficção científica dos irmãos Arkádi e Boris Strugátski, autores de Piquenique na Estrada, e apresenta os dilemas enfrentados por um agente terráqueo em Arkanar, um reino extraterrestre habitado por humanos vivendo em um período parecido com a Idade Média.

Disfarçado de aristocrata, Dom Rumata é um agente cuja missão é observar e ajudar sem jamais interferir. Quando os acontecimentos em Arkanar começam a dar sinais de um rumo fascista, Rumata se questiona sobre seu papel de observador da barbárie.

A perseguição ao conhecimento, o prevalecer da ignorância (e os perigos que isso significa), a negação, a falta de compreensão dos habitantes locais; temos altas doses disso tudo em um livro cujas reflexões prometem colocar nossos neurônios em ponto de ebulição. E colocam mesmo!

Falo um pouquinho (muito) mais sobre o livro na resenha em vídeo: por que achei essa uma leitura tão fundamental, o que me desagradou, do que senti falta, e tudo que achei perfeito nesse livro.

‘Piquenique na Estrada’, dos irmãos Strugátski: bagunça alienígena, totalitarismo e desolação em clássico da ficção científica | Resenha

Aleph 10 de outubro de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário

Livro Piquenique na Estrada, dos irmãos Strugátski: bagunça alienígena, totalitarismo e desolação em clássico da ficção científica | Resenha

Leitura obrigatória para os fãs de sci-fi e de tramas especulativas, Piquenique na Estrada é um dos maiores clássicos da ficção científica, escrito pelos irmãos russos Arkádi e Boris Strugátski, e publicado pela primeira vez em 1972.

Chegou a minha vez, finalmente pude conferir esse livro cujos elementos e conceitos ajudaram a inspirar Jeff Vandermeer na concepção da trilogia Comando Sul, da qual sou fã. O livro também inspirou o filme Stalker, de 1979, dirigido por Andrei Tarkóvski.

Livro + filme: Lolita

Adrien Lyne 7 de outubro de 2015 Aline T.K.M. 8 comentários


Seria uma herege se, nesta coluna em que falo de livros e adaptações, não viesse a falar de Lolita. Pois bem, é chegado o dia de falar sobre essa obra-prima literária e sobre seus filmes. Sim, Lolita teve não uma, mas duas adaptações cinematográficas – fato bem conhecido dos cinéfilos de plantão.

Mas antes, devo dizer que Lolita está entre os meus livros preferidos de todo o sempre. Nunca fiz um ranking, mas certamente o romance do russo Vladimir Nabokov entraria nos meus top 10 ou 15.


Livro + filme: Noites Brancas

Clássicos 15 de junho de 2015 Aline T.K.M. 2 comentários


Queria ter falado sobre o filme em questão num daqueles posts de “3 motivos para ver”, mas acabou não rolando. E como se trata de uma adaptação, me animei a falar sobre filme e livro, e cá estou!

Assisti a Noites Brancas no Píer em abril; pena que ficou tão pouco tempo em cartaz e apenas em um ou outro cinema. Centrado no encontro de duas pessoas solitárias, toda a ação se passa num píer, sempre à noite, e tudo o que acontece são as conversas entre esses dois personagens.


A Preparação do Ator [Constantin Stanislavski]

Atores 11 de fevereiro de 2015 Aline T.K.M. Nenhum comentário


Clássico contemporâneo, A Preparação do Ator é leitura obrigatória a todos os que têm forte ligação – ou interesse genuíno – pelo teatro, quer seja de maneira profissional ou amadora, ou simplesmente para os que apreciam assistir a uma boa peça.

Aqui, Constantin Stanislavski (1863-1938), uma das figuras mais reconhecidas do teatro contemporâneo e cujos métodos de trabalho – até hoje amplamente utilizados – renovaram psicológica e esteticamente a arte cênica, transmite-nos os conceitos e a essência mesma de seu sistema, do trabalho do verdadeiro ator.


O Monge Negro [Anton Tchekhov]

Anton Tchekhov 23 de julho de 2014 Aline T.K.M. 2 comentários


Até que ponto a loucura – parte intrínseca da genialidade, muitos dirão – é algo ruim? Seria ela de todo negativa?

Em O Monge Negro, de Tchekhov, o intelectual Kovrin sofre de “um esgotamento que lhe arruinou os nervos” e, aconselhado por um médico, vai passar uma temporada no campo, na casa de seu antigo tutor e segundo pai, Iegor Semionovitch, e sua filha, a franzina e pálida Tânia Pessotski, com quem acaba se casando.

Em um dado momento, Kovrin tem uma estranha visão, bastante real, de um monge negro capaz de transcender o espaço e o tempo. Essas visões passam a acontecer com cada vez mais frequência; inclusive, recebe a visita do monge para longas conversas nas noites insones. Não tarda para que a esposa e o sogro o alertem: essas visões indicam que ele só pode estar doente.

Cedendo à pressão dos seus, Kovrin se esforça para colocar corpo e espírito nos eixos, nos padrões tidos como normais; assim, não mais vê o monge negro, mas com isso perde o vigor e a genialidade de outrora. Genialidade esta que também era reconhecida por seu colega encapuzado – o monge não cessava de repetir-lhe como era brilhante. Sem as visões, Kovrin aproxima-se da mediocridade, do rebanho formado por todos aqueles saudáveis e normais, e vulgares.

Se a loucura é o que faz de Kovrin um gênio, dono de ideias e visões que o diferenciam do restante dos mortais, é essa mesma loucura o que o castiga, distanciando-o de seus seres queridos, atormentando-o.

Contudo, a “vida normal”, como mais uma ovelha do rebanho, ainda vale a pena? Não era mais feliz, afinal, com a presença do monge negro, com as conversas e trocas, com a reafirmação de sua genialidade e inteligência?

É de maneira surpreendentemente concisa e objetiva que nos é revelado o conflito evidente que assola o protagonista. Sem floreios desnecessários nem excesso de explicações, a narrativa é econômica nas descrições. Mas nem por isso a trama perde em complexidade. A figura do “gênio louco” – atormentado justamente pelo que o torna grandioso – está lá. E perturba o leitor, deixando-o inquieto, a também questionar os atos e a direção tomada pelo protagonista.

Não nos enganemos perante a ausência de qualquer "análise profunda completamente mastigada": a matéria está toda ali, implícita e clara ao mesmo tempo, para que a modelemos em reflexões à medida que evolui a trama. Quanto aos personagens, estes não pedem julgamento. Compreendê-los, porém, não é tarefa árdua, ainda que não concordemos com a totalidade de suas ações.

Leitura acessível, agradável e bastante fluida, O Monge Negro atrai pela simplicidade com que apresenta um tema não tão simples assim – a oposição entre o senso-comum e a genialidade; o fardo que pode representar o conhecimento elevado; o que é a loucura? – e pela maneira como se desenrola a trama até alcançar seu derradeiro desfecho. Aliás, se podemos dizer que os finais trágico-felizes realmente existem, então é certo que Tchekhov nos brinda com um belo exemplar deles aqui.

O Monge Negro faz parte da Coleção Novelas Imortais, organizada e apresentada por Fernando Sabino. Além das capas bonitinhas (tinha que falar!), é uma boa maneira de ser apresentado a diversos grandes autores através de narrativas mais curtas.

LEIA PORQUE...
A aparente simplicidade da trama guarda significados profundos. Cabe ao leitor descortiná-los, tendo por motivação um protagonista dos mais instigantes.

DA EXPERIÊNCIA...
De leitura rápida, considerei O Monge Negro uma maneira acertada de começar a conhecer a obra de Tchekhov. Abriu o apetite para mais...

FEZ PENSAR EM...
Nas várias referências a Tchekhov nos livros da trilogia 1Q84, do Haruki Murakami.


Título: O Monge Negro
Título original: Tchiornii monarkh
Autor(a): Anton Tchekhov
Tradução: Moacir Werneck de Castro
Organização e apresentação: Fernando Sabino
Editora: Rocco - Jovens Leitores (Coleção Novelas Imortais)
Edição: 2012 (1ª edição na coleção: 1987)
Ano da obra: 1894
Páginas: 88
Onde comprar: Submarino | Fnac | Saraiva | Saraiva (eBook) | Livraria Cultura (eBook) | Amazon (edição Kindle)

5 motivos para ler Vladimir Nabokov

5 motivos para ler 18 de junho de 2013 Aline T.K.M. 17 comentários


Vladimir Vladimirovich Nabokov, ou Vladimir Nabokov nasceu em 22 de abril de 1899, em São Petersburgo, na Rússia. Filho de família aristocrata, era o mais velho de cinco crianças. Deixou o país com sua família após a Revolução Bolchevique. Após graduar-se no Trinity College (Cambridge, Inglaterra), juntou-se à família em Berlim, em 1922. Pouco depois, casou-se com Véra Slonim, de família russo-judaica, e em 1934 tiveram um filho, Dmitri.

Fugindo dos exércitos nazistas, mudou-se para os Estados Unidos em 1940, onde foi professor universitário de literatura. Tornou-se cidadão norte-americano e utilizava o inglês para escrever sua obra. Só alcançou a fama e o reconhecimento internacional com Lolita, cujos frutos lhe permitiram mudar-se para a Suíça e dedicar-se inteiramente à literatura. Vladimir Nabokov faleceu em 2 de julho de 1977, em Montreux, Suíça.

5 motivos, lá vamos nós!

1. Lolita, o livro mais conhecida do autor, foi rejeitado por diversas editoras, que o rotularam pornografia pura, e só foi publicado por uma editora francesa, em 1955. Depois de publicada, a obra chegou a ser banida em vários países, mas logo tornou-se um best-seller. É certo que Lolita é um livro polêmico; ao mesmo tempo em que foi visto com maus olhos por muitos, é indubitavelmente considerado uma das obras-primas literárias do século 20.
O livro Lolita originou dois termos de cunho sexual: lolita e ninfeta, que significam meninas púberes atraentes ou precoces sexualmente.

2. Nabokov nutria grande paixão por borboletas. Sua carreira como entomologista (estudioso de insetos) teve considerável destaque; foi, ainda, curador da seção de lepidópteros (ordem de insetos à qual pertencem as borboletas) no Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard, nos EUA.
Os jogos de xadrez eram outra atividade pela qual o escritor era aficionado.

3. Lolita teve duas adaptações para o cinema. A primeira delas foi em 1962, por Stanley Kubrick (“A Laranja Mecânica”, “O Iluminado”); a segunda é de 1997, dirigida por Adrian Lyne (“Flashdance”, “Proposta Indecente”).

Edição de 1981 (Abril Cultural): meu
mais recente achado!
O polêmico livro também deu origem a um musical. Lolita, My Love (por John Barry e Alan Jay Lerner, 1971) só conheceu o fracasso e nem chegou aos palcos da Broadway – teve temporada apenas em Boston e na Filadélfia. O musical foi considerado controverso (por um público bastante conservador), porém sua trilha sonora ainda é digna de atenção. Não chegou a ganhar álbum de estúdio; foi lançado um álbum por uma pequena gravadora que consistia em uma gravação ao vivo do musical.
Em 1981, houve uma peça de teatro adaptada do livro de Nabokov, também sem sucesso. Existiu também uma ópera baseada em Lolita. Composta em 1992, originalmente em russo, teve sua estreia em 1994, em Estocolmo (Suécia), traduzida para o idioma sueco.
A música “Don’t stand so close to me”, da banda The Police, faz alusão à obra no trecho “Just like the old man in / That book by Nabokov”. A temática gira em torno do desejo e culpa entre uma estudante e seu professor.

4. Um manuscrito incompleto do autor foi revelado há alguns anos. O Original de Laura foi escrito à lápis em 138 fichas catalográficas em 1977, e permaneceu por mais de trinta anos em um cofre na Suíça. Antes de morrer, Nabokov havia pedido à sua mulher, Véra, que o destruísse. Dmitri, filho do escritor, guardou o manuscrito desde a morte de Véra, e decidiu publicá-lo depois de décadas de polêmicas. No Brasil, O Original de Laura foi publicado pela Alfaguara.

5. Vladimir Nabokov definia sua infância como tendo sido perfeita. Sua família era trilíngue e, desde tenra idade, Vladimir lia e escrevia em inglês e francês, além de sua língua materna, o russo.

PRINCIPAIS OBRAS:
Machenka (1926)
Lolita (1955)
Fogo Pálido (1962)
O Olho (1965)
A Pessoa em Questão (1966, autobiografia)
Coisas Transparentes (1972)
O Original de Laura (2009, publicação póstuma)


Mães que jamais mereceriam celebrar o Dia das Mães

Flora Rheta Schreiber 10 de maio de 2013 Aline T.K.M. 7 comentários


Ler livros cujos personagens tenham – ou sejam – o que chamamos de mãezona é, em sua totalidade, uma experiência inspiradora. Mas e quando acontece o oposto?

Não é tão raro nos depararmos com tramas envolvendo mulheres que NÃO merecem o título de mãe, muito embora tenham gerado filhos. Qual o sentimento que essa situação provoca em vocês? Desprezo, raiva, tristeza, piedade, medo? Eu, como leitora, geralmente experimento uma mistureba de todos estes sentimentos básicos, mas nada impede que outros se juntem ao grupo – alguns, inclusive, bastante contraditórios.

Pois eis aqui duas mães literárias que me causam certa repulsa, em grau e por razões bem diferentes...

Charlotte Haze, mãe de Lolita (LOLITA, de Vladimir Nabokov)
Detestável, porém digna de pena. Charlotte tem uma relação bastante tempestuosa com a filha, pontuada por críticas e reclamações. Ou então, mostra indiferença e o desejo de manter Lolita longe de si e de Humbert, que se torna seu marido apenas para ficar próximo de sua filha, por quem nutre obsessão pedófila. Por outro lado, Charlotte é detestada por ambos (isso mesmo, até pela própria filha – mas aí há toda uma questão do tipo “o buraco é mais abaixo”, talvez questões edipianas não resolvidas...), que querem vê-la afastada a todo custo.

Por falar no livro, publiquei o review de Lolita aqui no blog, em 2010.

Aproveitando... A capa ao lado é de uma edição italiana de 1970.
Para quem curte ver capas diferentinhas, olha só esta página com 185 capas para Lolita, de países diversos.

Hattie Dorsett, mãe de Sybil (SYBIL, de Flora Rheta Schreiber)
Sybil sofre horrores por causa da mãe. Esquizofrênica e atroz, Hattie comete abusos contra a filha desde que esta era bem pequena; torturava a menina de modo insano, física e psicologicamente.
Com um pai omisso, a garota sozinha não soube lidar com tudo a que era submetida pela mãe, e acabou por apresentar desde criança o Transtorno Dissociativo de Identidade (ou Transtorno de Múltiplas Personalidades). Sybil se dissocia em 15 personalidades diferentes, além da “original”, sendo duas delas masculinas, fazendo com que viva períodos em total “ausência” de si mesma. Isto ocasiona uma espécie de lapso de memória constante, em que vive com outra personalidade que não a sua. Sua psicanalista, Dra. Wilbur, é quem trata Sybil, fazendo com que supere sua condição.

Não tem review de Sybil aqui no blog; li o livro em 2004 e nem fazia ideia de que um dia eu teria um blog literário...

Assustadoramente, Sybil é baseado em uma história real; foi escrito – de maneira romanceada – por uma jornalista amiga da Dra. Wilbur e da própria Sybil, e publicado em 1973. Contudo (e resumindo os fatos), alguns profissionais alegam que o livro se trata de uma farsa combinada entre as três – autora, psicanalista e paciente. Sybil não teria tido múltiplas personalidades (apesar de ter tido alguma desordem psicológica) e muitas das torturas inflingidas pela mãe teriam sido descritas de forma exagerada, com o intuito de provocar e chocar.
Real ou não, o livro realmente choca, e apresenta uma mãe que ninguém desejaria ter – nem sequer no pior pesadelo.


Não consegui pensar em mais nenhuma outra mãe odiosa, apesar de que Charlotte e Hattie já são mais que suficientes! Vocês se lembram de alguma mãe literária tão detestável que nunca seria digna de ter um Dia das Mães?

Escrevi o post que vocês acabaram de ler inspirada neste aqui; até tomei liberdade de usar a mesma imagem, espero que me perdoem! =P


Lolita [Vladimir Nabokov] | resenha

Clássicos 6 de agosto de 2010 Aline T.K.M. 9 comentários

A mais famosa obra do russo Vladimir Nabokov, Lolita é um best-seller polêmico. Ao menos o era na época de seu lançamento, em 1955. Claro que hoje causa menos impacto, mas a falta de pudor e o aspecto imoral da obra são características impossíveis de serem ignoradas.

O livro nos traz Humbert Humbert (é assim, repetido mesmo) narrando em primeira pessoa sua obsessão por meninas púberes (entre 8 e 14 anos), às quais ele denomina “ninfetas”. Após uma série de insatisfações na Europa, Humbert, então um homem de meia-idade, muda-se para os EUA, e acaba por hospedar-se na casa de Charlotte Haze. A partir do momento em que conhece a filha de 12 anos de Charlotte, Dolores Haze, Humbert desenvolve uma grande paixão e obsessão pela menina.


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