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Belo Mundo, Onde Você Está: os conflitos e dilemas de um grupo de amigos em seus 30 anos no mundo (colapsado) pré-pandemia

Companhia das Letras 24 de março de 2022 Aline T.K.M. Nenhum comentário


Vocês sabem, e não é de hoje, que Pessoas Normais me arrebatou. Por isso fui com a maior sede ao pote quando peguei para ler o livro mais recente da autora Sally Rooney — e olha, foi incrível do início ao fim.

O título do post resume muito bem a atmosfera de Belo Mundo, Onde Você Está. Os trinta chegaram, o mundo está cheio de crises (políticas, sociais, ambientais), e é cada vez mais comum rolar aquela culpa diante dos próprios privilégios, ou então a dúvida sobre o que fazer para viver de forma mais autêntica com os próprios valores e menos destrutiva com o mundo. Tudo isso enquanto os dilemas pessoais continuam dando as caras.

Pessoas Normais: o livro que inspirou a série Normal People | Resenha

Companhia das Letras 6 de novembro de 2020 Aline T.K.M. 1 comentário


Sim, o livro que inspirou a série Normal People, disponível no Starzplay, entrou para os favoritos da vida! Saiba por que você precisa ler Pessoas Normais, da autora irlandesa Sally Rooney.

O livro conta a trajetória de Marianne e Connell em uma fase bem específica da vida: o fim do ensino médio e os anos de faculdade. Eles são amigos, se gostam, às vezes estão juntos, às vezes estão com outras pessoas, mas a vida sempre trata de uni-los. Em meio a essa relação complicada, eles lidam com as próprias inseguranças e machucados internos.

Engana-se quem pensa que Pessoas Normais é uma típica historinha de amor. Esse livro, meus caros, é profundo e traz questões muito relevantes – relações tóxicas, machismo, relacionamentos abusivos, invalidação, necessidade de aprovação social. Só confiram o vídeo e, pelamordedeus, leiam esse livro!

A Lista [Cecelia Ahern] #resenha

Cecelia Ahern 8 de setembro de 2015 Aline T.K.M. 8 comentários


Não é segredo aqui no blog que, dentre os autores best-sellers, Cecelia Ahern está entre os meus nomes favoritos. Seja pelos personagens tão humanos ou pelas tramas bem desenhadinhas e que geralmente abordam o amor – não necessariamente o amor homem-mulher –, abrir um livro da autora é sempre um momento feliz. Com A Lista, lançamento recente da Novo Conceito, não foi diferente.

Kitty Logan é uma jornalista nos seus trinta e pouquinhos anos que, por causa de um grande erro que cometeu, se vê envolvida em um escândalo. Com isso, sua carreira parece vir por água abaixo e até sua vida pessoal é amplamente afetada. Como se não bastasse, sua melhor amiga, chefe e mentora, Constance, está morrendo. Antes de partir, porém, Constance deixa para Kitty um projeto, algo que pode representar uma grande reviravolta em sua vida e carreira.


‘Simplesmente Acontece’: livro de Cecelia Ahern traz uma história de amor de encontros e desencontros

Cecelia Ahern 20 de dezembro de 2014 Aline T.K.M. 12 comentários

Simplesmente Acontece, de Cecelia Ahern

Apaixonar-se pelo melhor amigo tem futuro? Vale a pena arriscar? Da autora irlandesa Cecelia Ahern, Simplesmente Acontece (anteriormente publicado com o título Onde terminam os arco-íris) mostra que os sentimentos – e o destino – pregam inúmeras peças, mas dificilmente se enganam.

5 motivos para ler Cecelia Ahern

5 motivos para ler 25 de agosto de 2014 Aline T.K.M. 24 comentários


Cecelia Ahern nasceu em 1981 em Dublin, na Irlanda, onde ainda reside com sua família. Antes de se tornar escritora, Cecelia cursou Jornalismo e Comunicação. Seu primeiro livro, P.S. Eu te amo, escrito quando ela tinha apenas 21 anos, tornou-se bestseller internacional e foi adaptado para o cinema. Seus demais romances, publicados em mais de quarenta países, foram também bestsellers. E, ainda, Cecelia participou da criação do seriado Samantha Who?.


Quote da quinzena #8

Cecelia Ahern 28 de maio de 2014 Aline T.K.M. 4 comentários


Ela nunca parecia totalmente feliz; parecia apenas estar deixando o tempo passar enquanto esperava por outra coisa. Estava cansada de apenas existir; queria viver. Mas para que viver se não existia vida na existência?

A vida toda dele amontoada em 20 sacos de lixo.
As lembranças dele e dela guardadas na mente de Holly.
Cada item guardava poeira, lágrimas, risos e lembranças. Ela guardou todos, limpou a poeira, secou os olhos e arquivou as lembranças.

P.S. Eu te Amo, de Cecelia Ahern.


O Presente [Cecelia Ahern]

Cecelia Ahern 3 de fevereiro de 2014 Aline T.K.M. 16 comentários

The Famine Memorial (Dublin, Irlanda), que pode ser vista do alto do escritório de Lou Suffern, segundo o livro.
Do escultor irlandês Rowan Gillespie, as estátuas representam a Grande Fome que acometeu a Irlanda entre 1845 1849 e matou mais de um milhão de pessoas, além de fazer imigrar outro milhão.

A prosa fluida e sem grandes complicações da irlandesa Cecelia Ahern ganha novamente o leitor com O Presente, cuja mensagem assume caráter universal. Ou seja, serve para todo mundo – consideradas as devidas proporções.

Lou Suffern é um cara ocupado, que corre contra o tempo por opção. Com uma vida bem confortável, é casado e tem duas crianças pequenas. Mas é o típico caso do sujeito que não sabe aproveitar a vida que tem: seus olhos, pensamento e ação estão voltados unicamente para o trabalho, numa louca ambição de chegar cada vez mais próximo ao topo – sabe-se lá do quê. Não tem tempo (e nem quer, na verdade) para a família e seu talento em decepcionar (à mulher, aos pais, aos irmãos...) é proporcional às conquistas profissionais.

Ao oferecer um café e um emprego a Gabe, um morador de rua que passa os dias sentado próximo ao trabalho de Lou, ele acredita presentear um necessitado ao mesmo tempo em que tira proveito da situação. Afinal, Gabe será útil para observar o que acontece no escritório fora das vistas de Lou. Mas Lou ignora ser ele próprio quem receberá um valioso presente e um importante aprendizado.

Nesse ínterim, sente-se extremamente incomodado com a presença do morador de rua: Gabe é competente, ágil (parece sempre estar em dois lugares ao mesmo tempo) e vive dando sinais de que sabe mais do que deveria.

Uma trama repleta de clichês, mas que tem o mérito de não se apoiar completamente neles. Eis aí o grande trunfo da autora. Comovente na medida certa, Ahern acerta a mão ao apresentar uma história que aquece o coração do leitor sem transbordar de sentimentalismo. É simples e não traz novidades, porém consegue fazer com que o leitor olhe para si mesmo e repense suas atitudes e prioridades, tal como faz o protagonista da trama.

Embora não surpreenda e esteja longe de ser inesquecível, O Presente é o tipo de livro que sempre há alguém a quem recomendar. Pessoas que, em maior ou menor grau, tenham algo de Lou Suffern – coisa assustadoramente comum nestes tempos pós-modernos.

LEIA PORQUE...
O livro traz uma mensagem válida e é tocante sem exagerar na dose.

DA EXPERIÊNCIA...
Leitura fácil e agradável. É o segundo livro que leio da autora (o primeiro foi P.S. Eu Te Amo), mas vejo que essa qualidade de trabalhar bem o drama sem cruzar a fronteira do melodrama (no sentido pejorativo da coisa) parece ser algo sempre presente em seus livros.

FEZ PENSAR EM...
Dublin. O cenário do romance – rio Liffey, Grafton Street, St. Stephen’s Green – me traz boas lembranças do ano em que morei nessa cidade quase sempre nublada. E é justamente o aspecto que eu mais gosto nos livros da Cecelia.

Título: O Presente
Título original: The Gift
Autor(a): Cecelia Ahern
Tradução: Ivar Panazollo Júnior
Editora: Novo Conceito
Edição: 2013
Ano da obra: 2010
Páginas: 320

A Importância de Ser Prudente [Oscar Wilde]

Civilização Brasileira 7 de maio de 2013 Aline T.K.M. 12 comentários


Inglaterra, século XIX. Para escapar da imagem de homem respeitável e das inúmeras obrigações enquanto tutor da sobrinha Cecília em sua casa de campo, João Worthing inventa a existência de um irmão mais velho um tanto problemático, chamado Prudente. Assim, ele consegue ir a Londres e lá desfrutar de alguns prazeres que só a cidade grande oferece; também aproveita para cortejar Gwendolen, prima de seu amigo Algernon Moncrieff – bem-nascido e tremendo perdulário.
Algernon, a seu turno, inventa um amigo doente – Bunbury – e o utiliza como desculpa para se desvencilhar de compromissos sociais indesejáveis, principalmente os que envolvem sua tia, Lady Bracknell. Ao se inteirar da bela sobrinha de João, Algernon assume a identidade do imaginário Prudente para procurá-la na casa de campo e poder cortejá-la. No mesmo momento, porém, João chega à casa de campo anunciando a morte de seu irmão Prudente, o que constitui uma rede de mal-entendidos.
Com Cecília apaixonada por Algernon/Prudente e Gwendolen apaixonada por João/Prudente, os dois amigos deverão lidar com a confusão para manter as identidades paralelas a fim de conquistar as garotas, sem descuidar de sua imagem e prestígio social.


Personagens estereotipados e bastante caricatos juntam-se ao típico humor britânico nesta comédia de costumes do escritor/dramaturgo/poeta irlandês Oscar Wilde. Em A Importância de Ser Prudente, Wilde satiriza tanto a alta sociedade quanto a camada popular; tampouco ficam de fora as instituições – como o casamento e a família –, o clero, a etiqueta, o moralismo e até a própria literatura.

A crítica aparece de maneira sutil, mas não menos hilária. Os trocadilhos e as reviravoltas dão o tom cômico exigido pela própria situação da trama.

ALGERNON. É um trabalho terrivelmente duro não fazer nada. Mas não me importo de trabalhar duramente, contanto que não haja objetivo definido.


As reviravoltas, aliás, aparecem sem economia; as mentiras e ações dos personagens se acumulam, fazendo do confronto final um mal necessário e inevitável. Chamá-lo de mal, entretanto, parece injusto, já que um confronto viria a desfazer os diversos malfeitos.

A recompensa, aqui, não é dirigida às virtudes, estas praticamente ausentes – pelo menos em um plano consciente. Um desfecho recompensador seria mais consequência da resolução dos erros cometidos.

As moças enxergam no nome a própria personificação da prudência, embora a característica esteja em falta; os homens desejam ser Prudente sem realmente compreender a essência – e a importância mesmo – de sê-lo. Depois de muita confusão e grandes surpresas, só mesmo alguém prudente merece ser genuinamente chamado de Prudente.

LEIA PORQUE...
Há genialidade na crítica feita por Wilde. O humor britânico se faz notar por seu aspecto afetadamente comedido, fazendo o cômico parecer ainda mais cômico.

DA EXPERIÊNCIA...
Ainda que teatro não esteja entre os meus gêneros de predileção, não posso deixar passar em branco o quão divertido foi acompanhar as peripécias e confusões de João e Algernon na Inglaterra vitoriana.
Para quem quiser “incrementar” a experiência, existe uma adaptação para o cinema cujo título em português é Armadilhas do Coração. Produzida em 2002, tem direção de Oliver Parker – mesmo diretor de outras duas obras de Wilde: O Marido Ideal (1999) e O Retrato de Dorian Gray (2009).

FEZ PENSAR EM...
Finalmente li algo do Oscar Wilde! E percebi que não é à toa que o escritor tem uma estátua no parque Merrion Square, em Dublin (da qual nunca tirei foto – regrets mode on).


Estátua de Oscar Wilde - reparem no sorrisinho travesso - no Merrion Square (Dublin, Irlanda).

Título: A Importância de Ser Prudente
Título original: The Importance of Being Earnest
Autor(a): Oscar Wilde
Editora: Civilização Brasileira
Edição: 2005 – 4ª edição
Ano da obra: 1895
Páginas: 96

P.S. Eu te amo [Cecelia Ahern]

Cecelia Ahern 17 de janeiro de 2013 Aline T.K.M. 21 comentários

Holly e Gerry eram aquele tipo de casal que a gente chama de “almas gêmeas”. Eram. Gerry morre e Holly perde o chão, fica devastada. Antes de morrer, Gerry deixou um pacote contendo doze cartas para Holly, uma para cada mês do primeiro ano de sua vida sem ele. Resta a Holly encontrar a força necessária para seguir em frente, percebendo mais do que nunca o apoio incondicional de sua família e amigos. E ainda encarar a realidade de estar prestes a completar 30 anos...

Por mais que a sinopse (e a capa do livro, inclusive) sugira baldes de lágrimas e um enredo completamente “fundo do poço”, não é essa a ideia. Tampouco se trata de uma daquelas histórias de “você pode superar tudo, é só ter fé!!!”, onde o excesso de otimismo chega a irritar.

P.S. Eu te amo traz equilíbrio e palavras bem escolhidas. Não seria difícil embarcar sem rumo na temática e derrapar nos exageros – de sentimentalismo, de drama, de banalidade até. Só que Cecelia Ahern foi bastante feliz ao conduzir o romance de maneira divertida e até leve. Os dramas da protagonista não afundam a narrativa num sofrimento sem fim, mas ao mesmo tempo são capazes de emocionar.

Há, também, outro ângulo interessante a ser notado. Holly está com seus 29 anos e muitos meses, a crise dos 30 está embutida em todo o turbilhão de coisas na vida dela. Todo o universo da protagonista vem desmistificar a ideia de que aos 30 você é uma mulher totalmente madura e decidida, com uma pilha de conquistas profissionais, vida sentimental estável e que deixou no passado todas as inseguranças dos 20 e poucos. Balela. Holly nos mostra que, verdadeiramente, aos 30 você ainda tem muito daquela menina "insegura" que você era aos 20. Muitas coisas mudam; outras, demoram mais para mudar do que a gente (e todo mundo) idealiza. Consolador ou não, aos 30 você provavelmente continuará fazendo as mesmas brincadeiras e piadas infames, e chorará por muitas das mesmas coisas, tal como você faz aos 23 ou aos 26 anos.

LEIA PORQUE...
A história é linda. E pode ir sem medo porque não tem nada de dramalhão de 2ª categoria.
Se você gostou do filme*, leia! Aliás, seria mesmo difícil falar de P.S. Eu te amo sem mencionar o filme. Ambos são ligeiramente diferentes em vários aspectos, mas a essência, o fio condutor de tudo, permanece igual.
*Filme: P.S. Eu te amo, dirigido por Richard LaGravenese, EUA, 2007.

DA EXPERIÊNCIA...
Uma leitura que faz rir, torcer, pensar, se emocionar. Pacote completo! Só desejei encontrar nele as idílicas paisagens da Irlanda (como os campos de Wicklow que vemos no filme). No livro, muitos dos lugares diferem do filme, a maior parte da história se passa em Dublin e isso me agradou mais do que assisti-los morando em Nova York.

FEZ PENSAR EM...
Como as irlandesas verdadeiramente exageram quando o assunto é bebida. Elas tomam todas (mesmo!) e descem do salto, com direito a vexame e comportamento atrevidíssimo, tudo combinando com as roupas inacreditavelmente curtas. Nada contra, mas que é hilário, é!


Cena linda do filme P.S. Eu te amo (na Irlanda)

Título: P.S. Eu te amo
Título original: P.S. I love you
Autor(a): Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Edição: 2012
Ano da obra: 2004
Páginas: 368

5 motivos para ler James Joyce

5 motivos para ler 24 de junho de 2012 Aline T.K.M. 2 comentários

O irlandês James Joyce (1882-1941) foi um verdadeiro mestre da prosa. Joyce foi considerado um dos autores mais relevantes do século XX, tendo se tornado referência no modernismo em língua inglesa. Ulisses (ou Ulysses) é sua obra mais conhecida.

1. Ulisses é considerado o melhor romance de língua inglesa do século XX.

2. Mesmo tendo vivido a maior parte de sua vida adulta fora da Irlanda, suas obras possuem um laço intrínseco com Dublin, sua cidade natal. O autor retrata com profundidade os irlandeses, demonstrando simpatia, mas também fazendo críticas.

3. Suas obras provocaram, também, reações negativas. A primeira edição de Dublinenses, sua primeira obra de ficção publicada, foi queimada logo após ser impressa em Dublin. Já Ulisses chegou a ser proibida nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha por ser considerada uma obra pornográfica.

4. James Joyce influenciou grandes nomes da literatura. Sua obra Ulisses, apesar de ter sido criticada por sua complexidade, serviu de inspiração para ninguém menos que Virginia Woolf e T. S. Eliot.

5. Anualmente, no dia 16 de junho, é comemorado o Bloomsday, em Dublin e em outras cidades ao redor do mundo. Trata-se de uma celebração da vida e obra de James Joyce, e foi escolhido o dia 16 de junho por ser a data em que se passa Ulisses (esta é também a data em que Joyce saiu pela primeira vez com sua futura esposa, Nora Barnacle). No Bloomsday acontecem vários eventos culturais, como leituras e dramatizações de Ulisses, além de maratonas de pubs. Inclusive, todo ano, muitos dublinenses saem vestidos como os personagens do livro.

PRINCIPAIS OBRAS:
Dublinenses (1914)
Retrato do Artista Quando Jovem (1916)
Ulisses (1922)
Finnegans Wake (1939)

Dublinenses [James Joyce]

Civilização Brasileira 26 de julho de 2011 Aline T.K.M. 5 comentários

Primeira obra que leio de James Joyce. Inclusive li que Dublinenses é uma boa pedida para quem quer conhecer um pouco do autor e começar a se aventurar em suas obras. É um livro de leitura mais fácil, ao contrário de Ulisses e Finnegans Wake – tidos como bastante complexos.

Dublinenses foi publicado originalmente em 1914 e consiste em 15 contos que retratam a vida e os habitantes de Dublin, sua cidade natal. Segundo o próprio autor, os contos formam uma espécie de história moral da Irlanda, e são narrados ao leitor através de uma abordagem realista.

Os contos mostram determinados momentos da vida, por exemplo, a juventude e a maturidade, além de proporcionarem um retrato da vida em sociedade, uma crítica de seus costumes. Há forte presença de características morais e comportamentais da Irlanda de então, sendo elas o alcoolismo (isso eu pude ver com meus próprios olhos, é fato: o irlandês gosta de encher a caneca, sim! =P ), o aspecto violento na vida familiar e a rigidez no catolicismo. O nacionalismo é notadamente presente, assim como o ressentimento em relação à Inglaterra. É interessante pontuar que os contos são narrados de maneira a permitir que observemos o que se passa, mas sem “pensar” ou “sentir” por nós, há certa neutralidade.

A leitura é bastante agradável e flui com facilidade. Os personagens são muito humanos, e a narrativa nos leva a embarcar no interior mais íntimo de cada um deles, aspecto que muito me agradou. Situações conflituosas mostram-se presentes em quase todos os contos e é interessante ver como os personagens lutam – ou não – para mudar determinada condição.

Os contos tratam de aspectos do cotidiano, como se observássemos a vida dos personagens durante certo período de tempo. E assim como começam, eles terminam, muitas vezes sem um “desfecho” propriamente dito. Um espelho da própria vida, que continua seguindo seu curso mesmo que nossa observação tenha sido interrompida.

Cada conto me agradou de maneira peculiar. Mas tenho dois deles como meus favoritos: Um caso doloroso e Os mortos (o mais famoso dentre todos do livro).
Divido com vocês um trechinho que chamou minha atenção no conto Um caso doloroso:
Concordaram em romper relações. Todo vínculo, disse ele, é um vínculo para o sofrimento.

Curiosidade: o conto Os mortos teve uma adaptação para o cinema. Trata-se do filme Os Vivos e os Mortos (título original: The Dead), dirigido pelo norte-americano John Huston em 1987. Este foi o último filme do diretor e pai da atriz Anjelica Huston, que nele interpreta o papel de Gretta Conroy.

Gostei muito da leitura de Dublinenses e recomendo-a fortemente a quem tiver interesse em conhecer um pouco da obra de James Joyce.

Título: Dublinenses
Título original: Dubliners
Autor(a): James Joyce
Editora: Civilização Brasileira (selo da Editora Record)
Edição: 2006 (11ª)
Ano da obra: 1914

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