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5 motivos para ler Philip K. Dick

5 motivos para ler 30 de janeiro de 2015 Aline T.K.M. 8 comentários


Philip Kindred Dick, ou Philip K. Dick, nasceu em 16 de dezembro de 1928 em Chicago, mas passou a maior parte de sua vida na Califórnia. Escritor de romances e contos, PKD é mais conhecido por sua obra de ficção científica, atualmente bastante aclamada pelo público e amplamente adaptada para o cinema. Hoje um dos maiores autores do gênero, ele foi o precursor do cyberpunk, um subgênero da ficção científica.

Durante a década de 50, Philip K. Dick escrevia contos para revistas de ficção científica – como Planet Stories, If e The Magazine of Fantasy and Science Fiction. Seu primeiro romance foi Solar Lottery, publicado em 1954.

Apesar de suas publicações enquadrarem-se quase que exclusivamente no gênero ficção científica, PKD ambicionava uma carreira mais comercial dentro da literatura americana. Também durante os anos 50, ele escreveu uma série de romances sem um gênero definido, mais convencionais. No entanto, já nos anos 60 essa ambição estava moribunda quando todos esses romances “mais comerciais” lhe foram devolvidos pela Scott Meredith Literary Agency. O autor teve apenas um deles, Confessions of a Crap Artist, publicado em vida – e posteriormente adaptado pelo cineasta francês Jérôme Boivin (Confissões de um Louco / Confessions d’un Barjo). Ainda, PKD teve duas histórias publicadas sob os pseudônimos Richard Phillipps e Jack Dowland.

O escritor chegou a estudar História, Psicologia, Filosofia e Zoologia; foi casado cinco vezes e teve três filhos. No entanto, um dos fatos mais marcantes de sua vida, sem dúvida, foi a morte prematura de sua irmã gêmea, Jane. Ela faleceu apenas algumas semanas após o nascimento, e afetou tanto a vida de Philip K. Dick que é comum encontrar em seus livros o gêmeo como um espectro ou fantasma.

Em 1963, PKD ganhou o Hugo Award por O Homem do Castelo Alto. Ainda que fosse reconhecido no meio da ficção científica, o mundo literário ainda enxergava o gênero de maneira depreciativa; por isso, o autor só conseguia ser publicado em editoras específicas de ficção científica, que não pagavam bem. Aliás, PKD teve problemas financeiros até seus últimos anos de vida.

Philip K. Dick faleceu em 2 de março de 1982, aos 53 anos de idade, devido a um AVC fatal. Teve pouco reconhecimento em vida e não chegou a ver suas obras adaptadas para o cinema. Desde então, seus livros já foram traduzidos para mais de 20 idiomas e, inclusive, é estudado em algumas universidades americanas.

Como se essa pequena biografia não fosse o bastante, divido com vocês 5 motivos para ler Philip K. Dick:

1. A temática de suas histórias reside nos limites incertos entre o real e o irreal, no questionamento da realidade e das percepções; e ainda em questões muito internas dos seres humanos, como a identidade e a própria definição de ser humano. Por exemplo, alguém que descobre que o mundo da maneira como o conhece não é real, mas fruto de conspirações e percepções ilusórias. Adiciona-se um narrador não confiável, e pronto, a viagem vai longe...! A influência da obra de Carl Jung é notada especialmente no que diz respeito às questões de personalidade, e na percepção e análise da realidade.

Além dessas questões mais filosóficas, as desordens mentais, paranoia e drogas também marcam presença em suas distopias futuristas, assim como inteligências artificiais, implantação de memórias, o Estado opressor e o capitalismo que aliena. Tais elementos e temáticas fazem com que seus livros sejam ainda muito atuais.

2. A vida de Philip K. Dick foi marcada por distúrbios mentais e pelo uso de drogas, o que acabou inspirando sua obra. Também, o autor afirmava ter experiências transcendentais que consistiam em contatos com uma “força superior”, ter sua mente invadida, ou ainda ser tomado pelo espírito de um profeta.

Algumas dessas experiências foram descritas de maneira ficcional em seus livros – VALIS é um deles. Além disso, PKD documentava essas suas vivências sobrenaturais em um diário e notas pessoais, que foram selecionadas e publicadas em 2011, dando origem ao não ficção The Exegesis of Philip K. Dick.

3. PKD recebeu diversas nominações e prêmios por seus livros: O Homem do Castelo Alto (Hugo Award, categoria melhor romance, 1963); Fluam, minhas lágrimas, disse o policial (John W. Campbell Memorial Award, categoria melhor romance, 1975); O Homem Duplo (British Science Fiction Association Award em 1978 e Graoully d’Or em 1979, categoria melhor romance); VALIS (Kurd-Laßwitz-Preis, 1985).

O escritor também virou, ele mesmo, um prêmio: o Philip K. Dick Award, inaugurado em 1983 (um ano após a morte do autor), premia anualmente os melhores lançamentos de ficção científica publicados nos Estados Unidos. Além disso, Philip K. Dick foi o primeiro autor de ficção científica a entrar para as coleções da Library of America.

4. Um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos, Philip K. Dick é também um dos autores mais adaptados para o cinema. De fato, só começou a ter reconhecimento depois da primeira adaptação cinematográfica, quando já havia falecido.

Alguns filmes baseados em romances ou contos de PKD: Blade Runner – O Caçador de Androides, Minority Report – A Nova Lei, O Vingador do Futuro, Screamers – Assassinos Cibernéticos, Impostor, O Pagamento, O Vidente, Os Agentes do Destino, O Homem Duplo.

5. Com cerca de 121 contos e 44 romances publicados, Philip K. Dick é fonte de inspiração de artistas mundo afora. Influenciou escritores, como Roberto Bolaño e Haruki Murakami; e inspirou músicas de bandas como Bloc Party e Sonic Youth, só para citar algumas.

Suas histórias também foram inspiração, ainda que indiretamente, para cineastas em filmes de grande reconhecimento: Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Matrix, O Show de Truman, Preso na Escuridão/Abra os Olhos (e o remake americano Vanilla Sky), Clube da Luta, Inception – A Origem, Cidade dos Sonhos, entre outros.

BÔNUS! Em 1993, o francês Emmanuel Carrère (autor do incrível O Bigode) publicou uma biografia de PKD, intitulada Je suis vivant et vous êtes morts (em inglês: I am alive and you are dead: A journey into the mind of Philip K. Dick). Ainda que o livro tenha sido criticado por falta de evidências das pesquisas e da veracidade dos fatos relatados, Carrère disse ter tentado contar a vida do escritor da mesma maneira que este contou a de seus personagens: usando da mesma liberdade e empatia, e também da mesma verdade.

PRINCIPAIS OBRAS:
Romances:
Solar Lottery (1955) – não lançado no Brasil
O Homem do Castelo Alto (1962)
Os Três Estigmas de Palmer Eldritch (1965)
Androides sonham com carneiros elétricos? (1968)
Fluam, minhas lágrimas, disse o policial (1974)
VALIS (1981)
Ubik (1969)

Coletâneas de contos (ano da edição brasileira):
Realidades Adaptadas (2012) – contos que foram adaptados ao cinema
Minority Report – A Nova Lei (2002)
O Vingador do Futuro (1991)

Contos:
Lembramos para você a preço de atacado
Segunda variedade
Impostor
O relatório minoritário
Equipe de ajuste
O pagamento
O homem dourado
Jogo de guerra
A mente alienígena
A revanche
O que dizem os mortos
A história que acaba com todas as histórias
A formiga elétrica
Ah, ser um bolho!
A fé de nossos pais
Não julgue pela capa
O olho da Sibila

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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8 comentários

  1. Depois desse post minha vontade de ler as obras dele ficou ainda maior. Tenho dois livros dele aqui e não vejo a hora de conhecê-los.

    Beijos!
    livrosdawis.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Li dois livros dele até agora e pretendo ler todos os outros, se possível. Sabe quando você descobre um autor cuja escrita te conquista de primeira? Sem falar nas ideias dos temas que ele aborda, enfim... incrível. Experimenta que você vai curtir! Bjs.

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  2. Conheci recentemente esse autor pela obra Andróides Sonham com Ovelhas Elétricas? Livro que foi base para o filme Blade Runner O Caçador de Andróides. É uma obra que possui várias camadas e uma que aprecio muito é a relação com as máquinas. Será que estamos perdendo nossa humanidade para elas? É um tema para mestrado...he he he


    Wilson Brancaglioni
    www.estantedowilson.com.br

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    Respostas
    1. Né! Eu viajo muito com os temas e reflexões embutidas nas tramas dele. Diria que, além de temas para mestrado, são indagações para toda uma vida! Ainda pretendo ler Andróides..., espero que em breve!

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  3. Oi Aline!
    Gostei muito do post. Várias informações que eu desconhecia.
    Meu interesse pela ficção cientifica é, de certa forma, recente e Phillip K.Dick é um autor cuja obra parece ser fascinante. Dele só li "Androides sonham com ovelhas elétricas?" e gostei muito dos questionamentos que ele incita com o livro. Agora estou com vários outros livros na lista de desejados. Os que estão no top são "O Homem do Castelo Alto", "Fluam, minhas lágrimas, disse o policial" (adoro esse título!) "O Homem Duplo" e, claro, os filmes (a começar por "Blade Runner").
    Não sabia que a obra dele era tão extensa (sabia que havia um número expressivo de contos, mas não de romances), então prevejo que a minha lista vai aumentar ainda mais em breve, rsrs
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

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    Respostas
    1. Pois é, desde o meu primeiro contato com o autor (com Realidades Adaptadas), já senti que não sossegarei enquanto não ler o máximo que puder dele. Recentemente li Fluam, minhas lágrimas, disse o policial (também adoro esse título, me chamou a atenção de primeira!) e achei sensacional, recomendo! Também tenho estado bastante empolgada para ler Ubik e VALIS.
      Apesar de estar me descobrindo uma apreciadora de livros de ficção científica, no caso dos filmes sigo com meu pé atrás. É que não simpatizo com filmes de ação, e normalmente eles insistem em entupir os filmes de ficção científica com cenas intermináveis (e maçantes) de ação... Mas, bom, quem sabe eu tente uma ou outra adaptação só para ver se desce. Beijos!

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  4. Oi, Aline!
    Nunca li nada do autor, mas me interessei muito! E ainda mais agora, que vi que ele inspirou Minority Report (que eu amo). Vou colocar na minha lista infinita de leitura! :)

    Beijos,
    Camila | www.lendoporai.com

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    Respostas
    1. É um autor imperdível, mesmo. Se você curte os filmes, vai amar a escrita dele! Eu não sou tão chegada assim em filmes desse tipo (não curto filme de ação), mas estou completamente encantada com os livros do Philip K. Dick, me descobrindo uma adoradora de ficção científica! =) Beijo!!!

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