Queria ter falado sobre o filme em questão num daqueles posts de “3 motivos para ver”, mas acabou não rolando. E como se trata de uma adaptação, me animei a falar sobre filme e livro, e cá estou!

Assisti a Noites Brancas no Píer em abril; pena que ficou tão pouco tempo em cartaz e apenas em um ou outro cinema. Centrado no encontro de duas pessoas solitárias, toda a ação se passa num píer, sempre à noite, e tudo o que acontece são as conversas entre esses dois personagens.

Estático – apenas o jogo de luz e escuridão é o que dá algum movimento à coisa –, o filme de Paul Vecchiali pode ser um tanto enfadonho para alguns. Mas olha, os diálogos valem a pena e conseguiram minha atenção durante os pouco mais de 90 minutos do longa. Arrisco até a dizer que encontrei nele uma pegada da trilogia Antes do Amanhecer, mas só porque são dois personagens que se conhecem e dividem suas histórias em uma eterna conversa. No mais, a proposta aqui é bem diferente daquela da trilogia.

Só que o mais interessante é que o filme é a adaptação mais recente da novela Noites Brancas, de Fiódor Dostoiévski, publicada em 1848. Uma das obras mais conhecidas do escritor russo, ainda não a li, mas tenho o texto no Kindle e as expectativas são altas – não somente porque morro de curiosidade de ler algo do autor, mas também porque a avaliação no Skoob está excelente, 4,5 estrelinhas.

Disse que Noites Brancas no Píer é a adaptação mais recente da obra porque, além de Paul Vecchiali, outros diretores traduziram-na para a telona – o italiano Luchino Visconti, em 1957; e o francês Robert Bresson, em 1971. O texto também foi amplamente adaptado para o teatro e teve até um especial da Rede Globo em 1973.

Bem, considerando tudo isso, acho que vale a pena conhecer um pouco mais do livro e do filme...

SINOPSE: Durante uma das singulares "noites brancas" do verão de São Petersburgo, em que o sol praticamente não se põe, dois jovens se encontram numa ponte sobre o rio Nievá e dão início a uma história repleta de fantasia e lirismo. Protagonista solitário, o Sonhador, tem sua vida mudada após um encontro casual com Nástienka, também sonhadora e um tanto inocente, que espera por seu amor.

Nesta novela, publicada em 1848, Dostoiévski constrói uma atmosfera delicada e fantasmagórica, que evoca o gosto romântico da época. Nela, a própria cidade de São Petersburgo - com seus palácios e pontes, seus espaços monumentais - revela-se como personagem. Esta edição da Editora 34 foi, pela primeira vez no Brasil, traduzida diretamente do russo.



Pessoalmente, considerei o filme uma daquelas joias raras à qual tive oportunidade de assistir graças ao meu timing intuitivo cinematográfico – se esperasse mais uns dias, o filme já nem estaria mais em cartaz. Algum de vocês chegou a ver ou a, pelo menos, ouvir falar deste filme? Já leram Noites Brancas, do Dostoiévski?