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Em cartaz: O Amor é Estranho

Em cartaz 20 de março de 2015 Aline T.K.M. Nenhum comentário


Fruto da parceria entre o cineasta americano Ira Sachs e o roteirista brasileiro Maurício Zacharias, O Amor é Estranho é o segundo filme de uma trilogia – de histórias independentes entre si – que começou com Deixe a Luz Acesa (2012) e cujo desfecho está ainda em fase de produção.

Selecionado em festivais como Berlim, Sundance, Los Angeles e Tribeca, o longa traz a história de um casal homossexual formado por Ben (John Lithgow) e George (Alfred Molina). Juntos há 40 anos, eles decidem se casar e contam com o apoio dos familiares e amigos. No entanto, o casamento acaba fazendo com que George perca seu emprego de professor de música em uma escola católica. Sem dinheiro, o casal precisa morar provisoriamente em casas separadas, hospedar-se com parentes e amigos, até conseguir vender o apartamento e encontrar outro mais acessível. Essa vida provisória acaba sendo cansativa e incômoda não só para Ben e George, mas para todos a sua volta.

“O Amor é Estranho”: sensível, mas em permanente mornidão

“Morar com outras pessoas faz com que as conheçamos melhor do que queremos”, diz Ben em determinado momento. Gradativamente, a rotina e as relações ficam desgastadas. Não demora para que a presença de Ben na casa de seu sobrinho seja um incômodo para sua esposa, que é escritora e não consegue se concentrar com alguém por perto. Também o filho adolescente sente a mudança – ele divide o quarto com Ben – e não faz questão de esconder a insatisfação com a situação.

George, por outro lado, tampouco está passando por bons momentos. Morando com um casal de amigos num apartamento em que as festas são quase diárias, o sentimento de deslocamento é uma constante, bem como o isolamento e a indiferença.

Os silêncios passam a ser mais frequentes. Os cochichos ocasionais revelam a intensificação do desconforto no entorno de Ben, da mesma forma com que a indiferença para com George no apartamento de seus amigos quase sufoca. Mostras de um egoísmo e falta de tato até esquisitos, tratando-se de familiares e amigos de longa data.

Porém, e apesar da crescente sensação de incômodo e fragilidade na relação dessas pessoas, o ritmo se mantém morno durante toda a duração do filme. Com exceção, talvez, da agressividade do adolescente John, que ainda busca a própria identidade e seu lugar no mundo.

Só merece destaque a relação entre George e Ben que, embora resida nas sutilezas, ganha brilho extra por conta da atuação de John Lithgow e Alfred Molina. O casal já tem certa idade e demonstra toda a resiliência e serenidade de quem é experimentado na vida. Além disso, inspira os amigos e familiares próximos, que os têm como exemplo de amor e companheirismo.

Também as tensões que se acumulam dentro da família do sobrinho de Ben assumem uma nuance interessante (mas pouco explorada) ao denotar o estremecimento das relações pela falta de tempo e atenção uns com os outros, além da ausência de comunicação – quando ela se dá, é de maneira conflituosa –; situação frequente nos lares e na vida atribulada dos habitantes de metrópoles como Nova York.

Sensível, O Amor é Estranho tem sua beleza. É só pena que o filme permaneça num tom desbotado e ameno, inclusive no desfecho, que acaba não agregando muito mais do que já foi visto.


NOTA: 6,5/10
ESTREIA: 12 de março

O Amor é Estranho (Love is Strange) – 98 min.
EUA – 2014
Direção: Ira Sachs
Roteiro: Ira Sachs, Maurício Zacharias
Elenco: John Lithgow, Alfred Molina, Marisa Tomei, Darren Burrows, Charlie Tahan, Cheyenne Jackson

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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