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‘Graças a Deus’: François Ozon está de volta em filme sobre a fragilidade masculina e a pedofilia na igreja

Cinema francês 21 de junho de 2019 Aline T.K.M. Nenhum comentário

Graças a Deus: François Ozon está de volta em filme sobre a fragilidade masculina e a pedofilia na igreja | Cinema

O diretor de Swimming Pool, Dentro da Casa, Frantz, O Amante Duplo, entre outros, está de volta com Graças a Deus. Ao trazer uma ficção baseada em histórias reais, François Ozon apresenta um filme mais político e traz para a berlinda o caso do padre Bernard Preynat, acusado de abusar de dezenas de garotos entre as décadas de 80 e 90, bem como a acusação contra o cardeal Philippe Barbarin, que, junto com a colaboradora Régine Maire, acobertou os abusos.

O longa esteve na programação do Festival Varilux de Cinema Francês 2019 e estreou em circuito nacional nesta semana.

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Graças a Deus tem início quando Alexandre (Melvil Poupaud), um pai de família que vive em Lyon, descobre que o padre que abusou dele quando fazia parte do grupo de escoteiros da igreja segue pregando junto a crianças. Alexandre, ainda católico e frequentador da igreja, decide iniciar um combate, ao qual se juntam François (Denis Ménochet) e Emmanuel (Swann Arlaud), também vítimas do religioso.

Juntos, eles encabeçam uma associação de vítimas cujo objetivo é trazer a público as agressões sexuais que sofreram na igreja, impedindo que a instituição continue acobertando a pedofilia, e fazer com que o agressor pague por seu crime.

Graças a Deus: François Ozon está de volta em filme sobre a fragilidade masculina e a pedofilia na igreja | Cinema

Um dos aspectos que chama atenção no filme de Ozon é a narrativa bem construída e a maneira como as histórias pessoais dos protagonistas se entrelaçam sem jamais tirar o foco do tema central. Ainda, a escolha da perspectiva das vítimas, mais humana, permite que adentremos a intimidade desses homens e percebamos como o abuso sofrido na infância moldou e interferiu na vida adulta.

Embora Alexandre e François tenham conseguido prosseguir com suas vidas, tanto em termos profissionais quanto pessoais, Emmanuel ficou como que estagnado. A mera lembrança dos fatos do passado lhe causa convulsões, não consegue trabalhar e vive em um relacionamento destrutivo.

Graças a Deus: François Ozon está de volta em filme sobre a fragilidade masculina e a pedofilia na igreja | Cinema

Diferentemente dos outros filmes do diretor, centrados em figuras femininas fortes e misteriosas, aqui vemos homens – e suas histórias, seus traumas e fragilidades – ocuparem posição de destaque permanente.

E, para além das vítimas do padre Preynat, em dados momentos os holofotes deixam entrever personagens femininas que revelam já terem sofrido abuso sexual e que, por sua vez, também carregam um trauma e um sentimento de vergonha.

Também nos é permitido enxergar de perto a reação dos familiares e pessoas próximas às vítimas, como eles lidam – ou não – com a questão, que segue sendo ainda hoje um tabu, de certa maneira, ainda que a abertura seja muito maior do que na época em que ocorreram os abusos sofridos pelos protagonistas.

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Tudo isso circunda e complementa as histórias desses personagens centrais e de sua luta para fazer com que o crime de pedofilia cometido pelo padre Preynat seja conhecido pela sociedade e que a justiça seja feita.

Graças a Deus é muito mais que um convite, mas uma intimação à reflexão e ao questionamento e debate acerca do abuso sexual e da pedofilia. Um excelente – e necessário – filme de um dos principais cineastas franceses da atualidade.

TRAILER E INFOS




Graças a Deus (Grâce à Dieu) – 137 min.
França, Bélgica | 2018
Direção: François Ozon
Roteiro: François Ozon
Elenco: Melvil Poupaud, Denis Ménochet, Swann Arlaud, Éric Caravaca, François Marthouret, Bernard Verley, Josiane Balasko, Martine Erhel

Estreia: 20 de junho

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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