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O corpo tem suas razões [Thérèse Bertherat, com a colaboração de Carol Bernstein]

À la française 1 de outubro de 2014 Aline T.K.M. 12 comentários


"Quanto mais fraco for o corpo, mais ele manda; quanto mais forte for, mais obedece", dizia Jean-Jacques Rousseau.

Poucas vezes um livro de não ficção foi tão importante para minha vida como O corpo tem suas razões.

Fui conquistada desde a introdução do livro, que prepara muito bem o leitor para a avalanche de informações e orientações que encontrará no decorrer das páginas. A partir das experiências da autora, começamos a entender a importância de ouvir o que o corpo tem a dizer, para que seja possível libertá-lo e passar a ser dono – de verdade – dele.

Além da tomada de consciência do corpo e dos sinais emitidos por ele, entendemos que as “deformidades” e dores das quais sofremos nos são, muitas vezes, impostas por nós mesmos sem que tenhamos plena consciência disso.

Com clareza e objetividade máximas, a narrativa nos conduz através da ideia de que é preciso aprender a olhar o corpo como uma unidade, um todo, em detrimento da visão fragmentada que fomos acostumados a vida toda a ter. Visão que, inclusive, muitos médicos e profissionais da saúde ainda carregam.

Uma das partes fundamentais do livro é o capítulo dedicado ao método de Françoise Mézières, que “é o oposto de todas as ideias sobre saúde e doença, de todas as técnicas oficialmente entronizadas”. Considerada revolucionária, ela diz que a origem do problema – travas, bloqueios – não está no local do sintoma. Todos os males viriam da ação – forte – que os músculos posteriores – fracos – têm de exercer a fim de sustentar a coluna vertebral. E ainda, que os músculos seriam os responsáveis pelas deformações dos ossos e articulações (salvo as fraturas e o que é congênito). Mas a questão não é a insuficiência muscular, e sim o excesso de força da musculatura posterior. É preciso soltar esses músculos!

Mézières sustenta que a única morfologia normal é a morfologia perfeita, referente à relação das proporções entre as partes do corpo, tal como são caracterizadas as esculturas gregas do período clássico. Ao expressar a perfeita saúde do indivíduo, para os gregos não era possível ter beleza sem saúde. E não podia haver saúde sem a beleza das justas proporções.

Particularmente, gostei muito da breve mas importante incursão na relação entre a psicologia e o corpo. Assuntos como a sexualidade e a entrega ao outro são abordados, e encontramos referências a Wilhelm Reich. Agradou-me igualmente toda a parte em que se fala sobre a circulação da energia no corpo. Aí entram a acupuntura, a auriculoterapia, massagens e afins – medicina alternativa, com técnicas que são hoje em dia comprovadas, e muito aprovadas por quem utiliza.

Em adição, o livro traz alguns exercícios de preparação chamados “preliminares”, movimentos que preparam o corpo a viver plenamente – a tal da “antiginástica”. Movimentos que desenvolvem a inteligência muscular, mas sem o “embrutecimento” que a ginástica dita tradicional poderia ocasionar.

Quase como um pequeno guia, O corpo tem suas razões orienta-nos a ouvir o que nosso corpo tem a dizer – e acredite: ele sempre tem muita coisa para contar. Orienta-nos a libertá-lo das amarras que lhe colocamos desde a infância, visando encontrar o equilíbrio e a perfeita harmonia.

Só que, bem mais do que esperar que a consciência do corpo simplesmente aconteça, devemos buscá-la, ir atrás dela. E isso a autora deixa muito claro, enquanto nos alerta: “a consciência do corpo não se dá. Não há movimento nem método que a conceda. A consciência do corpo, conquista-se. É de quem resolve procurá-la”.

LEIA PORQUE...
Não seria exagero dizer que esse livro é item de utilidade pública – tomar consciência do próprio corpo é tarefa essencial para todo e qualquer indivíduo – e merece que o tenhamos como um valioso complemento à vida tão corrida que levamos.

DA EXPERIÊNCIA...
Na realidade, O corpo tem suas razões é uma das leituras que tive de fazer para o curso técnico de teatro. Não conhecia o livro e, por isso, considerei-o uma grata surpresa.

Leitura das mais relevantes, uma vez que sou o tipo de pessoa que valoriza a qualidade de vida acima de tudo. Além disso, encontrar acupuntura e medicina alternativa no livro fez com que me agradasse ainda mais (fiz acupuntura durante um bom tempo e sempre funcionou incrivelmente bem em mim, daí meu interesse pelo tema).

Uma curiosidade: fui atrás do tema “antiginástica” e acabei descobrindo que o método de trabalho corporal criado nos anos 70 por Thérèse Bertherat (a autora do livro) continua a ser difundido mundo afora e, inclusive, está presente no Brasil através da Associação Brasileira de Antiginástica. No site deles há um mundo de informações, incluindo listas de profissionais qualificados por região.

FEZ PENSAR EM...
Um livro que há anos tenho vontade de ler: Minha Vida, a autobiografia da bailarina Isadora Duncan (1877-1927).

Uma das precursoras da dança moderna, Isadora propôs uma dança mais livre e intuitiva, que passava longe de todas as imposições do ballet clássico, que ela considerava antinatural. De espírito revolucionário, a bailarina quebrou paradigmas e influenciou a cultura do século 20; também foi uma defensora dos direitos das mulheres.

QUANTO VALE?

Título: O corpo tem suas razões – Antiginástica e consciência de si
Título original: Le corps a ses raisons – Auto-guérison et anti-gymnastique
Autor(a): Thérèse Bertherat, com a colaboração de Carol Bernstein
Tradução: Estela dos Santos Abreu
Editora: Martins Fontes
Edição: 2010 – 21ª edição
Ano da obra: 1976
Páginas: 168
Onde comprar: Submarino | Americanas.com | Livraria Cultura

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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12 comentários

  1. Que legal esse livro, Aline! Fiquei interessada também, pois ultimamente tenho lido mais a respeito e vi realmente que o corpo tem ligação com tudo o que sentimos. A acupuntura, por exemplo, e como citaste, me ajudou muito pra vários problemas.
    Adorei o teu blog!
    Um beijo.

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    1. Oi, Cândida! Pois é, gosto muito de acupuntura e todo tipo de medicina alternativa. O livro é mesmo excelente, abre nossa cabeça para muitas coisas nas quais não paramos para pensar no cotidiano e que, no entanto, são de extrema importância. Recomendo! Beijo!

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  2. Olá, Aline!
    Este livro é excelente, já li e tenho, irei reler.
    Ótima resenha.
    Parabéns

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    1. Olá! O livro me surpreendeu, fiquei imensamente feliz de ter tido a chance de lê-lo, sabe. Fico feliz que tenha gostado da resenha. =)

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  3. Aline,
    Não sou da área, mas há algum tempo tenho demosntrado interesse em livros de psicologia e Filosofia aplicados ao dia a dia e comportamentais. Este livro me chamou muito a atenção, eu já desconfiava, mas não pensei na extensão que a influência do cérebro exerce sobre o corpo. Fantástico, adorei e quero!
    Beijos
    Chrys Audi
    http://www.todasascoisasdomeumundo.com.br

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    1. Também não sou da área, mas me interesso p/ caramba (tanto que, antes de cursar Comunicação, cheguei a fazer quase um ano de Psicologia). Recomendo muito a leitura; tudo faz muito mais sentido quando passamos a relacionar o estado mental com os sintomas do corpo. Beijão.

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  4. Este livro foi indicado na aula de corpo no curso de teatro, gostei muito e estou relendo. Uma leitura que todos deveriam ter para viver bem em sua primeira casa, o corpo.

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    1. Oi Gustavo, tudo bem? Ah, você faz teatro no Macu? Porque eu faço e também li esse livro por causa da aula de corpo. =) Concordo com você, é um livro que todo mundo deveria ler, traz informações valiosas para a vida. Bj!

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    2. Olá, Aline,estou bem, obrigado! :) Sim eu li tmb qndo estudava lá no Macu, o livro foi indicado pela professora Silvia de Paula, agora depois de finalizado as aulas e já trabalhando em uma CIA, precisei reviver a experiencia dessa leitura e ajudou muito. bjoss

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    3. Foi a Sílvia também que nos passou esse livro! Que legal saber que você trabalha em uma companhia, ou seja, trabalha na área. Eu faço o curso, amo essa área artística, mas confesso que me sinto desanimada porque realmente não sei se conseguirei um dia trabalhar com isso - como meu horário de trabalho agora está mais fixo, não tenho tido disponibilidade para ir aos testes e afins, então fica difícil, né. Bjão!

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  5. sou prof de yoga,este livro como os outros,me ajudaram muito ,o método me fez rever a forma de cada,postura,ÀSANA,percebi que não temos percepção do corpo,copiamos as posturas,e assim,vamos carregando nossas couraças,gostaria de fazer um curso .

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    1. Não tenho experiência de verdade nem conhecimento em yoga, mas concordo com você no ponto que não temos percepção do nosso corpo. Copiamos posturas, mas também o que vivemos no dia a dia vai "imprimindo" sua marca em nosso corpo ao longo do tempo, sem nem sequer nos darmos conta vamos sustentando maus hábitos, más experiências. Esse livro é ótimo não só para ler uma vez, mas para ter sempre à mão para consultas esporádicas. =)

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