Em cartaz: A Gaiola Dourada | Livro Lab
Últimos vídeos    |  Se inscreva no canal
Resenha: Meu Ano de Descanso e Relaxamento  Leituras de 2022  Resenha: Belo Mundo, Onde Você Está
Semana do Consumidor Amazon | Livros

Em cartaz: A Gaiola Dourada

À la française 28 de fevereiro de 2014 Aline T.K.M. 6 comentários


A França é um dos países com maior número de imigrantes portugueses, e é bem no seio de uma família franco-portuguesa que o diretor Ruben Alves – ele mesmo filho de imigrantes portugueses – mergulha o espectador em seu primeiro longa metragem, A Gaiola Dourada.

Maria (Rita Blanco) e José Ribeiro (Joaquim de Almeida) são um humilde casal de imigrantes portugueses em Paris. Ela, zeladora de um condomínio nobre; ele, pedreiro. Dedicados ao trabalho há mais de trinta anos, fazem mais pelos outros do que por eles próprios, tendo se tornado indispensáveis no cotidiano daqueles de seu convívio. No entanto, muitos se aproveitam da boa vontade do casal.

A notícia inesperada de uma herança que inclui uma luxuosa casa em Portugal chega em boa hora na vida dos Ribeiro, cujo sonho é regressar à terra natal. Mas, inesperadas também são as artimanhas de todos para impedir que a família deixe a França.

“A Gaiola Dourada”: identidade lusa em comédia dramática sobre imigrantes na França

A imagem estereotipada dos portugueses na França é amplamente utilizada a favor da trama; pedreiros e empregadas domésticas – ofícios bastante associados aos imigrantes de origem portuguesa – passam longe da caricatura rasa e garantem o humor a partir da própria identidade da comunidade lusitana. O forte sentimento identitário, aliás, é o que dá personalidade e um caráter mais profundo à película, conferindo também veracidade aos momentos mais emocionais.

Interessante notar que a trama aborda também os conflitos surgidos na geração posterior. Os filhos de José e Maria, franceses de nascimento, são genuinamente portugueses também. Contudo, representam uma unidade franco-portuguesa, tão diferente e ao mesmo tempo tão igual as suas raízes. Embora adaptada e integrada, essa família de imigrantes mantém seus valores e tradições protegidos em sua pequena gaiola reluzente.

Ponto alto do filme, o fado cantado pela portuguesa Catarina Wallenstein emociona e traz à tona o sentimento de origem, de pertencimento; o orgulho da identidade mesclado à nostalgia da distância da terra natal e à angústia de haver deixado parte de si atrás. Emoções que, aliadas à comicidade, são ricamente transmitidas pelos atores. Estes jogam muito bem com a “força-fragilidade” dos personagens, ambivalência comum às comunidades imigrantes.

Afinal, deixar ou não a França e regressar a Portugal não é questão meramente física em A Gaiola Dourada. É muito mais resgatar as raízes e nutri-las, para que continuem a crescer não importa em qual terra.

http://youtu.be/SuZ9_9wvyt8

NOTA: 8,5/10
ESTREIA: 28/02

A Gaiola Dourada (La Cage Dorée) – 90 min.
Portugal, França – 2013
Direção: Ruben Alves
Roteiro: Ruben Alves
Elenco: Rita Blanco, Joaquim de Almeida, Roland Giraud, Chantal Lauby, Barbara Cabrita

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

Você também vai  

6 comentários

  1. Não conhecia o filme, dica anotada!
    Bjs
    http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Oi, Aline!
    Li no jornal sobre a estreia deste filme, mas, não dei muita importância.
    Agora, lendo aqui a sinopse, fiquei louca para assistir, pois deve ser uma história bonita, além de render boas risadas.

    Obrigada pela dica!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É sim um ótimo filme! Gostei ainda mais porque sendo descendente de portugueses (e tendo dupla cidadania portuguesa) é sempre interessante ver como o povo é retratado no cinema. Tive contato com vários descendentes de portugueses na França e isso também me fez ficar ainda mais curiosa para ver o filme. =) Recomendo mesmo, pelas risadas e pelo grau emocional da história.

      Excluir
  3. É sempre bom sair do eixo de Hollywood e dar importância à outros cinemas. Esse parece ser uma comédia saudável e bem gostosa de assistir. Acho que verei qualquer dia desses.

    Beijos,
    biblioteca-de-resenhas.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu, particularmente, prefiro o cinema dito "estrangeiro", principalmente o europeu. Então esses filmes que circulam mais pelo circuito alternativo são um prato cheio para mim, adoro! Recomendo muito, uma ótima comédia com fundo sentimental.

      Excluir
  4. Ei, Tiago!!! Valeu! É importante p/ mim saber que você curtiu as resenhas. =)

    ResponderExcluir

Parceiros