A Camareira é o representante do México por uma vaga para disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e é também o primeiro filme dirigido por uma mulher que o México escolhe para a competição. O longa, dirigido por Lila Avilés e que estreou recentemente nos cinemas, aborda o cotidiano de uma jovem que trabalha como camareira em um hotel de luxo, e como muito de sua vida parece se resumir ao ambiente de trabalho.

SINOPSE

Eve (Gabriela Cartol) é uma jovem camareira que trabalha em um luxuoso hotel da Cidade do México. Ela enfrenta a solidão de longos dias de trabalho com a ajuda de novas amizades e das fantasias sobre os pertences esquecidos dos hóspedes, que nutrem seu recém-descoberto e determinado sonho por uma vida melhor.

POR QUE ASSISTIR

Representante mexicano na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional, A Camareira nos faz embrenhar no cotidiano não só de uma jovem da classe trabalhadora, mas de um daqueles profissionais normalmente invisibilizados em seu entorno. É o caso de faxineiros, camareiras, empregadas domésticas, garis, lixeiros e tantos outros – que ou não são devidamente reconhecidos ou devem se fazer notar o mínimo possível, muito embora seu trabalho seja essencial.

Eve passa seus dias pelos corredores de um hotel de luxo, um ambiente que passa a se tornar opressivo à medida que acompanhamos as atividades dela. Tudo o que vemos acontece no hotel; tudo o que sabemos da protagonista é o pouco que ela conta da própria vida – no telefone com o filho pequeno ou nas conversas com seus colegas de trabalho. Seu cotidiano ganha um pálido colorido diante da perspectiva de ficar com um vestido esquecido por uma hóspede – Eve é a primeira da lista entre os funcionários para ganhar o tal vestido –, ao colecionar embalagens de doces estrangeiros que encontra no lixo de um quarto, e também nas aulas às quais assiste junto com outros funcionários nas dependências do hotel.

Pela própria falta de grandes acontecimentos no cotidiano de Eve, o filme tem um ritmo um pouco mais lento, marcado aqui e ali por algumas ocorrências inesperadas, como o lavador de janelas que tenta atrair a atenção da camareira, e outras que chegam a provocar a indignação de quem assiste (embora muito comuns), como os hóspedes que agem como se ela fosse sua empregada pessoal.

No decorrer da trama sentimos falta de saber mais sobre a vida de Eve fora do local de trabalho, sobre o filho e sobre seus planos. Por outro lado, a presença dessas lacunas é bastante compreensível, já que o que enxergamos de perto é sua rotina dentro das paredes do hotel – lugar onde ela passa a maior parte do tempo, às vezes até de um dia para o outro – e a forma como sua existência é reduzida à simplicidade pela gente que vem e vai por ali.

Sinceridade: A Camareira não é o longa que mais se destaca (entre os que já vi) dos que disputam o prêmio de Melhor Filme Internacional. Ainda assim, é um ótimo filme sobre os seres humanos que muitos insistem em ignorar, sobre as vidas obliteradas pela função de servir.

TRAILER E INFOS

A Camareira (La Camarista) – 102 min.
México | 2018
Direção: Lila Avilés
Roteiro: Lila Avilés, Juan Márquez
Elenco: Gabriela Cartol, Teresa Sánchez, Agustina Quinci, Alán Uribe

Estreia: 14 de novembro