Considerado pela crítica como o filme mais assustador do ano e comparado a clássicos incontestáveis do gênero, Hereditário chega aos cinemas nesta semana com promessas sombrias para o público fã de um bom terror.

O longa de estreia de Ari Aster começa com a morte da matriarca dos Graham. Após sua partida, a família parece presa a sua sombra e fadada a uma herança cruel. Além de sua filha Annie (Toni Collette), a neta de treze anos e sua favorita, Charlie (Milly Shapiro), é quem dá sinais de estar cada vez mais ligada ao legado obscuro destinado à família.

À medida que a casa vai sendo tomada por uma força aterrorizante, Annie penetrará por caminhos ocultos para tentar livrar sua família do destino herdado de geração em geração.

Aí a gente se pergunta: será que Hereditário é mesmo tudo isso que estão pintando?! Fui conferir e, para chegarmos a um veredicto, eis o que você precisa saber antes de ver o filme:

1. Criança em filme de terror é sinônimo de pitada de medo adicional, fato. Em Hereditário temos uma pré-adolescente bastante infantilizada – consideremos então uma criança – e, sim, ela é envolta em aura bizarra e é responsável por boa parte do medo.

2. Annie trabalha construindo miniaturas sob encomenda e também tem o curioso – e sombrio – hobbie de recriar momentos duvidosos da vida da família em tamanho diminuto. Esse ofício/hobby contribui para a atmosfera pesada da casa da família e dá um quê enigmático a Annie; no entanto, a meu ver, toda essa questão das miniaturas – e mesmo o papel delas na trama – poderia ter sido melhor explorada.

3. Toni Collette está ótima, como sempre. Ela convence e dá o tom de terror, de angústia e desespero da grande maioria das cenas. Palmas mentais para a atriz, que é o ponto mais alto do filme.

4. O perigo está dentro de casa. Se a gente parar para pensar, os filmes mais assustadores trazem este aspecto em comum, ou seja, o fato de a ameaça residir no local onde, via de regra, deveríamos nos sentir mais protegidos.

5. O filme é uma produção da A24, a mesma produtora do amado e odiado A Bruxa (2015).

6. Já que mencionei a produtora, aproveito o gancho para manifestar minha espécie de estupefação ao descobrir que o diretor e roteirista Ari Aster tem apenas 31 anos. (Tipo, a minha idade.) Um cara novo, com alguns curtas no currículo, que se propõe a dirigir e a escrever um longa de estreia um tanto ambicioso como Hereditário merece respeito.

7. Hereditário reúne alguns elementos que geralmente dão muito certo no terror – criança (como já disse antes), presença sobrenatural, sangue, ocultismo, segredos e tragédias familiares, possessão. Formulinha básica? Sem dúvida. Mas também não tem como fugir muito disso – sem falar que os filmes de terror preferidos do público sempre trazem um ou mais desses elementos.

8. Hereditário foi descrito como “O Exorcista desta geração” e outras maravilhas mais. De fato, o filme tem tido bons resultados de bilheteria lá fora, apesar de dividir opiniões. Mas – posso dizer? – está bem longe de ser um novo ícone do terror. Embora perturbador e cheio de momentos de tensão, não chega a ser tão assustador como os títulos mais consagrados do gênero. Diria até que o suspense aqui é maior do que o terror propriamente dito – o que não é um demérito. Mas, um novo O Exorcista?! Nem pensar!

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Bem, depois desta listinha, finalmente cheguei a uma conclusão: Hereditário é um bom filme, mas só. Não apostaria nele como um novo clássico do horror, jamais de la vie; ainda assim, garante momentos de medo moderado, sustos e um desfecho que considerei satisfatório. Sem mais, vale a ida ao cinema.

TRAILER E FICHA TÉCNICA

Hereditário (Hereditary) – 126 min.
EUA – 2018
Direção: Ari Aster
Roteiro: Ari Aster
Elenco: Toni Collette, Gabriel Byrne, Milly Shapiro, Alex Wolff, Ann Dowd

Estreia: 21 de junho