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Os Hungareses [Suzana Montoro]

Literatura brasileira 5 de setembro de 2014 Aline T.K.M. 2 comentários


Vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2012 como Melhor Livro do Ano na categoria Autor Estreante e lançado recentemente pela Rocco, Os Hungareses é aquele livro cuja leitura nos deixa a sensação de termos descoberto um pequeno tesouro.

É numa pequenina aldeia da Hungria que começamos a conhecer personagens e histórias pitorescas que, de tão reais se tornam fictícios; ou seria o contrário? Desde menina, Rozália – a protagonista do romance – carrega no sangue a necessidade de movimento e liberdade. E não poderia ser de outra forma: a garota é sobrinha de Rózsa, uma andarilha por essência. Rozália sente essa necessidade vinda bem lá de dentro, como inúmeros horizontes que se abrem em seu interior e que encontram seus pares nos desenhos do garoto József, que vive com o pai e os irmãos no cemitério da aldeia e que almeja ser alfaiate.

Cercada de bichos e com o irmãozinho Lajos a segui-la, Rozália vive a esquivar-se do azedume da madrasta e da severidade do pai. E lança-se em empreitadas, como as andanças pela puszta, conhecendo ciganos e tecendo sua história com um comprido fio, infalível e inevitável, capaz de conectar vidas através de tempos e lugares distintos.

Partidas, despedidas, encontros, desencontros. A história de Rozália tem continuidade em terras brasileiras, com a chegada dos navios repletos de famílias hungaresas e ciganas. Aquele fio que une e costura histórias é puxado um par de vezes, levando Rozália – já mulher – e sua família ao sítio dos hungareses, lugar onde viviam imigrantes hungareses (vários deles naturalistas) em comunidade.

As histórias dessa gente andarilha, sofrida, sem recursos mas feliz, são narradas por uma das filhas de Rozália, nascida no Brasil. Encontrando a vida na aldeia da Hungria através dos olhos da mãe, e misturando-a às próprias lembranças vividas no sítio dos hungareses, a ela coube costurar e contar toda a trajetória da família. Mas a voz da própria Rozália também aparece e, surpreendendo o leitor com uma doçura sem igual, conta lembranças e elucida detalhes de eventos antes narrados por sua filha.

Tantas histórias e existências unidas por um fio, nessa vida em que tudo se repete um sem-número de vezes, num mesmo padrão e em cenários volantes, sem fronteiras claras. Assim é a essência de Os Hungareses, livro em que a beleza se encontra um pouco – muito! – em todo lugar. Na narrativa singela e sensível; nas histórias com um quê de mágicas; nos personagens e suas peculiaridades; e também nos animais que povoam a trama, com os quais se conecta profundamente o personagem de Lajos.

Os Hungareses surpreende por estar repleto de uma magia que não se encontra por aí todos os dias. Com trama fictícia, sem informações precisas de datas e locais, mas baseada em pesquisas e relatos de imigrantes – o sítio dos hungareses de fato existiu –, este pequeno notável de 192 páginas tem o real poder de transportar o leitor a um mundo (um não, vários) à parte.

LEIA PORQUE...
Ainda que se trate de ficção, Os Hungareses foi baseado na vida real. Houve pesquisa; a autora entrevistou moradores do sítio dos hungareses e seus descendentes, além de ter viajado à Hungria. Ao final, ela até inclui os nomes dos húngaros entrevistados e que foram fonte de inspiração para os personagens do livro.

DA EXPERIÊNCIA...
Amei tudo em relação a este livro. Até mesmo o caráter impreciso das histórias e personagens, o que reforça o tom mais imaginativo, mais mágico da coisa toda.

FEZ PENSAR EM...
Posso estar viajando absurdos agora, mas imaginaria muitos dos personagens daqui inseridos numa espécie de Macondo hungaresa!

QUANTO VALE?


Título: Os Hungareses
Autor(a): Suzana Montoro
Editora: Rocco
Edição: 2013
Ano da obra: 2011
Páginas: 192
Onde comprar: Amazon (livro físico) | Amazon (edição Kindle) | Livraria da Travessa | Submarino | Livraria Cultura (eBook)

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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2 comentários

  1. Ah Aline, sempre fico em dúvida se os livros realmente são mágicos ou se são só suas resenhas e o jeito como você as escreve! Mais uma vez estarei adicionando à minha lista de leitura um livro que nunca pensaria em ler simplesmente porque você conseguiu me convencer de que vale a pena! Pra variar, parabéns pela resenha!

    Bjs
    Nas Quartas Usamos Rosa

    ResponderExcluir
  2. Ahh, imagina, obrigada!!! Mas é verdade, sim, Os Hungareses é um livro mágico, sem dúvida! É supercurtinho, mas vale muito a pena ler; é daquelas histórias na qual a gente fica pensando por um tempão, sabe. =) Beijo!

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