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Folhas Caídas [Thomas H. Cook]

Bertrand Brasil 4 de agosto de 2011 Aline T.K.M. 14 comentários

“Fotos de família sempre mentem...
Você pode capturar um determinado momento da vida
de uma pessoa, mas é impossível captar
o que se esconde por trás dos sorrisos forçados...”


Com uma vida confortável e uma família estruturada, Eric Moore pode se considerar um homem de sorte, feliz. Dono de uma loja de material fotográfico, tudo parece bem na pacata cidade de Wesley, até que Amy Giordano – uma garotinha de 8 anos que vive nas redondezas – desaparece misteriosamente. A vida perfeita de Eric, então, parece começar a se dissolver, já que seu filho adolescente Keith é quem tomava conta de Amy na noite de seu desaparecimento...

Com ritmo intenso e sem enrolação, Thomas H. Cook nos prende do início ao fim em Folhas Caídas. Tão logo começamos a leitura, somos levados em uma espiral diretamente à vida familiar de Eric Moore, à inocência e à posição distanciada que assume em relação aos confrontos de forma geral. Acompanhamos o personagem, que narra em primeira pessoa, atuando em meio aos conflitos que surgem e envolvem diretamente sua família (ocasionados pelo desaparecimento da menina Amy) e que são o estopim para que problemas há muito enterrados no passado venham à tona. De maneira muito convincente, o personagem nos leva junto a ele em suas suspeitas e descobertas.

O suspense nos acompanha até as páginas finais do livro, sendo mesmo impossível conter a curiosidade perante a trama. Os personagens convencem de forma surpreendente, e são humanos em tudo, inclusive – e principalmente – em suas falhas. Achei muito interessante a forma como o autor nos faz penetrar na mente de Eric, como observamos tudo através de seus olhos. Sabe aquele sentimento louco de perceber que, na realidade, não conhecemos ninguém de verdade? É isso o que o personagem enfrenta durante todo o livro. Cada pessoa, principalmente seus familiares, de uma hora para outra, parecem estranhos para ele – ou, creio eu, sempre foram, mas ele tratava de mascarar isso com uma visão cor-de-rosa na qual levava a vida perfeita com uma família perfeita. E é rapidamente que nos tornamos testemunhas oculares do desmoronamento de tudo o que o protagonista tinha como certo em sua vida. É triste, confesso, e não está longe da realidade, não. Alguns capítulos, inclusive, são intercalados por passagens nas quais o protagonista fala diretamente conosco, leitor, reforçando a sensação de que o que aconteceu com ele poderia acontecer com qualquer um de nós.

Gosto bastante de romances policiais, principalmente pela tensão quase que insuportável que é gerada entre os personagens e dentro de cada um deles. E nisto, Folhas Caídas foi excelente. Porém, eu esperava encontrar uma explicação minuciosa no final, destrinchando os fatos e revelando “a genialidade” do crime, o que não aconteceu (o livro é mais focado na fragilidade e incerteza das relações). Tirando este único ponto que deixou a desejar, de maneira geral, Folhas Caídas não só atendeu, como superou as expectativas que tive antes da leitura.

Título: Folhas Caídas
Título original: Red Leaves
Autor(a): Thomas H. Cook
Editora: Bertrand Brasil
Edição: 2011
Ano da obra: 2005

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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14 comentários

  1. Gostei da resenha, pois vc fez com que eu realmente sentisse como foi o livro para vc. Ele é muito interessante, todo esse conflito e de saber que ninguém é como a gente pensa que é.
    Fiquei interessada no livro;;)
    Beijos;*
    Delírios de Salomé
    http://deliriosdesalome.blogspot.com/

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  2. Gostei bastante da resenha, mas não sei se é o meu tipo de livro.

    Gabi

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  3. Gostei da Resenhas, pelo que vc escrevei deve ser bom. Adorei a forma que vc organiza seus posts ^^

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  4. Nunca tinha ouvido falar desse livro!
    São do tipo que gosta de romances policiais, acho que não ia gostar desse livro =/

    Abraço

    Luiz Silva
    www.blogueiroleitor.com.br

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  5. Hey ^^

    Confesso ficar realmente curiosa em ler, principalmente pela resenha muito bem escrita.
    Adoro um suspense bem escrito e que mantenha todo o mistério até as últimas - anotado!!!

    Xxx

    :: Loma

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  6. Fiquei curiosa sobre o livro, parece bem interessante. Eu nunca havia ouvido falar dele.
    Ótima resenha! ^^

    Bjuu'

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  7. Oie Aline, tudo bem?

    Cara, que bela resenhista você é. Eu fiquei completamente encantada com a sua maneira de escrever e seu eu entrasse em pelo menos metade doss blogs e os blogueiros escrevessem como você, leria todas as resenhas.

    Como você, eu também adoro romance policial, o ultimo que eu li foi do Harlan Coben, adoro todo esse mistério envolvido, ficar duvidando da integridade de todos, mas gosto mais ainda quando o autor tem capacidade de deixar os personagens o mais proximo prossivel de nós mesmos. Seria um livro que eu leria com certeza, mesmo com esse fim sem tantos detalhes quanto o necessario.

    Ótima resenha!

    Beijokas! :*

    Raphaela
    Equalize da Leitura
    @EqualizeLeiura

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  8. Parece ser bom! Eu não conhecia. Pena que o final não foi exatamente o que você esperava...

    Bjos!

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  9. Thomas H. Cook é impiedoso conosco, através desse excelente romance " Folhas Caídas", espanca-nos sem piedade, como um Jesuíta enraivecido, mostrando-nos e ensinando-nos o quanto as vezes somos capaz de julgar as pessoas de forma indevida, o quanto as aparências enganam, e o quanto ficamos presos aos estereótipos, ou seja, mostra a fraqueza e a estupidez humana.
    Ao mesmo tempo, mostra que se formos mais respeitosos com as pessoas e a vida teremos mais chance de sermos melhores como pessoas. Tudo isso, feito através de um livro de tirar o fôlego, li o livro em 7 horas, impossível parar de ler. Não é só o mistério que nos prende, há também a humanidade de seus personagens, suas fraquezas e forças, o tempo que os esmagam, que faz com que tenham remorsos, arrependimento, perdas irreparáveis isso tudo feito de forma impiedosa, bem que alguns críticos disseram que ele parece um anjo ferido, sua espada é cortante, parece o arcanjo Gabriel.
    E isso tudo feito através da boa e excelente literatura, ou seja, a arte a serviço da vida; é isso que deve ter qualquer arte, a capacidade de nos atingir, de alegrar-nos, de ferir-nos, de marcar-nos para sempre; de não sairmos impunes depois de sua leitura.

    Ele já tinha feito isso no genial "O Caso Da Escola Chatham", que deu a ele o prêmio Edgar Allan Põe, que seria o Oscar do romance policial; parece que continua com o mesmo apetite mostrando o quanto somos capazes das melhores e piores coisas, isso tudo de forma arrebatadora de sua escrita.

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  10. @João Domingos
    Realmente, Folhas Caídas foi uma leitura daquelas impossíveis de parar. Concordo com seu comentário sobre a humanidade dos personagens (aspecto que eu valorizo mt nas tramas).
    Este foi o único livro que li do autor, mas tenho vontade de ler mais coisas dele, sim.
    Bjão!

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. @Aline T.K.M.
    Olá Aline, eu li os outros dois livros do Thomas Cook, " Instrumentos da Noite" e " O Caso da Escola Chatham" e são muito bons.
    O primeiro "Instrumentos da Noite" conta a história do escritor de romance policial Paul Graves, que é convidado e contratado pela família Davies para fazer uma nova versão do assassinato da jovem Faye Harrison, filha de uma empregada querida da família. O caso ocorreu há 50 anos, a amiga da jovem morta é Allison Davies, filha do Dono da propriedade; é ela quem contrata Graves, isso para dar uma resposta definitiva para a mãe da jovem assassinada, que nunca acreditou que a filha foi morta por um empregado da família, a jovem foi encontrada enforcada numa caverna, que fazia parte da enorme propriedades dos Davies.

    Paul é ajudado por uma dramaturga Eleanor; e conforme Paul vai conversando com todos os empregados da família, o passado começa a trazer seus fantasmas, e não só para as pessoas que estão ligadas a família Davies, mas também para o próprio Paul Graves, que teve também sua irmã adolescente morta brutalmente, quando ainda era um garoto, inclusive vendo e assistindo a tudo.

    Some a tudo isso os personagens criados por Paul Graves: Slovack um detetive intrépido e justo, que vive perseguindo Kessler, assassino em série que lhe assombra a vida e também o servo desse último, Sykes que faz o serviço sujo para Kessler.

    Pense em Luigi Pirandello, particularmente em seu clássico “ Seis Personagens em Busca de Um Autor”, os personagens aqui também ganham vida, mas diferentemente de Pirandello que discuti a questão da criação artística e da vida; Thomas H. Cook faz com que os personagens de Graves se misturem com piores pesadelos de Graves, fazendo com ele muitas vezes não consiga discernir entre o real e o imaginário, o que já daria um excelente material para freudianos e lacanianos destriçharem com seus repertórios analíticos e teóricos.

    Assim, como muito mistério e atração Thomas H. Cook vai nos prendendo como um bruxo velho com suas mandingas, ou então, nos envenenando como uma aranha sortuna, que depois vai nos amarrando em sua teia, até chegarmos a uma situação de descobertas sufocantes e aterradoras, seja pelos fantasmas ainda existentes em Riverwood, propriedade da família Davies; seja pelo o dia horripilante em que Paul Graves presenciou o assassinato brutal de sua irmã, passado que volta à tona, gerando desespero, dor e verdades acachapantes.

    Alguns críticos qualificaram esta obra de Thomas Cook como “ A obra-prima que acontece uma vez na vida"; bem acredito que ela é realmente intensa e cheia de atrativo, mostrando que Thomas H. Cook é um dos maiores autores de romances policiais do momento. Outro dia se você quiser comento o outro livro “ O Caso da Escola Chatham", eles estão em preços bastantes acessíveis na “ Estante Virtual”. Beijos e boa sorte.

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  14. @João Domingos
    Oi João, valeu mesmo pela dica! Fiquei bem interessada em ler Instrumentos Mortais, não duvido que seja uma obra-prima. Como disse, gostei da escrita do autor e da alta carga psicológica que ele colocou em Folhas Caídas. Já nesse seu comentário, gostei particularmente da parte do não discernimento entre o real e o imaginário. Geralmente gosto muito quando encontro essa característica em livros e/ou filmes.
    Bjão!

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